Peugeot 106 Electric de 1996
Fazer uma viagem principiante num carro eléctrico com 18 anos, pareceu-me algo simplesmente fantástico.
Começando pelas agradáveis diferenças:
* Não tem alavanca de mudanças, o que torna tudo muito mais simples e pratico, em todos os sentidos, até para quando não se fica com muito espaço para se sair pela porta do lado esquerdo, podendo sair pela do lado direito sem grande dificuldade, e vice versa.
*Os pedais são apenas dois, o do travão e o do acelerador.
O do acelerador quase que faz as duas funções (acelerar e desacelerar) pois quando a velocidade é superior a 30Km/h, ao se largar o pedal, seu poder regenerativo é tão forte que se equipara a uma travagem suave mas em curto espaço (podendo diminuir do 90 aos 30Km/h em apenas uns 100 metros). A velocidades inferiores a 30Km/h a regeneração é nula.
O travão também é muito eficiente (talvez por ainda estar como novo, por tão pouco uso devido à regenerativa).
*A aceleração, mesmo sendo um motor de apenas 11KWn(potencia nominal constante numa hora de trabalho), consegue surpreender muitos veículos com potencias próximas a 50CV. Verifica-se que está limitado à velocidade dos 90Km/h, que é mais do que suficiente, para as deslocações comuns.
A progressividade do acelerador (ao fim de umas dezenas de Kms) consegue-se gerir muito bem, assim como com a desaceleração (modo regenerativo), sendo muito tranquilo e suave, o seu andamento.
*A ausência do ruído do motor é colmatada pelo ruído de rolamento, dando a percepção da velocidade mas sem incomodar os ouvidos. Ouvir uma musica no rádio, mesmo que em baixo volume, é perfeitamente possível, e sem diminuir os barulhos externos, que nos ajudam a sentir a estrada.
*A colocação da marcha-a-trás, é carregar num botão que se encontra no painel em local intuitivo. Não se ouve barulho de mudança de transmissões, mas fica uma luz intermitente no painel de instrumentos, com a indicação do sentido inverso.
*Por ser um carro pequeno, e com muita visibilidade para todos os lados, fica-se com uma ideia de total controlo da viatura em pouco tempo de utilização.
*Existe uma buzina no lado direito (manipulo do limpa vidros) que serve para mostrar presença, e que surpreende com um "piar" os outros ocupantes da via publica. É muito divertido usa-la e ver a reacção das outras pessoas!
*O adaptador de ligação do carregamento do carro é especifico do grupo PSA do século passado, mas ainda assim me surpreende pela positiva por tão seguro que é, mesmo em dias de chuva (com muito bom isolamento), e pela forma como é fixo.
Ao liga-lo à corrente (tomada convencional domestica), seu indicador de conectividade com a energia é acender os piscas durante os primeiros 5 segundos. Que nos deixa tranquilos quanto ao inicio de carregamento.
*O indicador de carga, parece-me um contador de energia, ou comporta-se como tal, mas o mostrador é analógico (com um ponteiro) e vai dos zero aos cem por cento (0 aos 100%).
Em fase de descarga o ponteiro desce (em média) um por cento por cada quilometro percorrido (embora que perto dos 100% demore mais a baixar do que depois).
Na fase do carregamento a situação é inversa, e o ponteiro vai aumentando a percentagem na medida do carregamento acumulado.
*A autonomia, neste momento, fica-se por os 80Km e quanto mais seguidos forem com mais facilidade os faz. Ainda na semana passada fui de minha casa à zona industrial de Barrô Águeda (36Km para cada lado) e cheguei ainda com alguma capacidade disponível.
*Por cada carregamento de 16KWh percorre 80Km, sem grande controlo de velocidades. Perto dos 2,00€ por cada 100Km.
Agora os aspectos menos positivos:
*A bomba de óleo da direcção e dos travões fazer algum barulho, que se sobressai quando estamos parados.
*A regeneração termina aos 30Km/h, ficando ainda os restantes para usar as pastilhas de travão quando temos que parar.
*O facto do motor ser de corrente continua e ainda com escovas, a sua eficiência é inferior e as escovas têm de ser substituídas com alguma regularidade.
*Suas baterias, ainda de origem, são de NiCd, que facilmente ganham efeito de memoria, e que não são tão eficientes como umas de Lítio.
*A mala é um pouco mais pequena por ter metade do pack das baterias lá colocado (não se nota muito porque ficaram a baixo do nível da porta de trás, não sendo impeditivo de se baixar os bancos de trás e colocar um objecto de grandes dimensões)
*O aquecimento do habitáculo era feito com uma caldeira a gasolina que seu conjunto pesava mais de 20Kg (actualmente já retirado e substituído por um sistema termo-ventilado eléctrico, directamente ao pack das baterias).
*O carregador é de apenas 2,2KW, passando a 1KW quando atingindo os 90%, tornando assim um pouco lento um carregamento intermédio necessário.
*Carregamento completo de 80Km, em aproximadamente 10 horas de carga.
A sensação depois de se andar uns dias neste antigo carro eléctrico, ao passar para outro convencional a combustão (mesmo que muito recente), é a de que se andou no tempo para trás.
Algumas fotos: