Mobi-e ao abandono?

Postos de carregamento de veículos elétricos
08 jun 2014, 21:50

  • Imagem



    O programa “Sexta às 9”, transmitido pela RTP 1, investigou uma das fortes apostas do governo de José Sócrates – a rede de carregamento para veículos eléctricos Mobi.E.

    “15 milhões ao abandono”. Foi assim que o “Sexta à 9” definiu o investimento do ex-governo feito há três anos.

    A reportagem diz-nos que existem cerca de “1.100 carregadores públicos para pouco mais de 300 veículos deste tipo”. Mas será bem assim?

    Vamos a outros números. Foram instalados 1163 pontos de carregamento em 427 locais. De acordo com o “Sexta à 9”, existem 347 veículos eléctricos. Veículos? Não. Automóveis! E as motas, scooter´s, bicicletas e quadriciclos eléctricos? Não contam?

    Os números de motas eléctricas que circulam em Portugal são desconhecidos, mas sabemos que só no ano passado foram vendidas quase 80 motas eléctricas!

    No entanto, a avaliar pelas concentrações/eventos relacionados com a mobilidade eléctrica, deverão existir umas boas centenas de motas eléctricas em Portugal. Até porque, actualmente, uma scooter/ mota eléctrica pode ser bem mais interessante que um carro eléctrico.

    Mas é verdade que a aposta do governo de Sócrates estava centrada nos automóveis eléctricos e, para 2020, o governo estimava que 1 em cada 5 carros fosse eléctrico. Um sonho difícil de se concretizar… Aliás, neste momento, para cada carro eléctrico existem 3 pontos de carregamento.

    Mas voltemos aos postos de carregamento. Segundo a reportagem, dos 1163 pontos de carregamento (em 427 localizações), 352 estão avariados ou não comunicam com o sistema.


    Já 285 postos, em 49 localizações, nunca foram utilizados ou não comunicaram consumos. Ou seja, 1 em cada 4 postos teve consumo zero desde que foi instalado. Só em Lisboa, existem 86 pontos onde nenhum carro eléctrico foi carregado.

    No total, foram consumidos 63mW de energia. O “Sexta às 9” sabe que um carro eléctrico, que circule 17 mil quilómetros por ano, consome 3mW de energia. Quer isto dizer que a rede apenas produziu energia suficiente para 22 carros eléctricos durante um ano. Foram efectuados 15.760 carregamentos, ou seja, em média, cada posto carregou 13 carros eléctricos.

    O “Sexta às 9” refere ainda que houve dois concelhos que nunca receberam carregamentos: Portalegre e Bragança, onde existem 3 postos com várias tomadas.

    André Dias, director da unidade de Sistemas Inteligentes do CEIA, revela que “a rede está claramente sobredimensionada”, isto se ”olharmos para os números que temos de utilização e de procura”

    “Todos os fabricantes de automóveis tinham projectos para veículos eléctricos. Tudo levava a querer que o veículo eléctrico se iria impor (aos veículos de combustão)”, indica José Mendes, Vice-Reitor da Universidade do Minho. Sobre a rede Mobi.E, o mesmo responsável “acha um projecto bem desenhado e que nos poderia ter posicionado”.

    António Vidigal, da Sociedade Gestora da Rede de Mobilidade Eléctrica, revela que “antes de haver carros eléctricos, tem que aparecer uma rede de abastecimento”.

    Ainda relativamente à dimensão da rede, Pedro Silva, director de Electrónica de Potência da EFACEC, diz que se pode ter “andado um pouco depressa demais”, mas ”se aconteceu aqui, aconteceu em outros países do mundo”.

    Mas o que desconhecíamos é que existem 49 postos de carga rápida ainda embrulhados no armazém do fabricante desde que foram construídos. E que tanta falta fazem estes postos nas auto-estradas e cidades…

    Dos 50 postos de carga rápida prometidos pelos anterior governo, apenas um se encontra instalado. Está no centro de Vila Nova de Gaia.

    Os 49 postos de carga rápida estão a aguardar “definição de onde irão ser instalados”, refere Pedro Silva. O mesmo responsável acredita que “a carga rápida é decisiva para incrementar a mobilidade eléctrica”. A RTP ainda contactou o actual governo, mas não obteve resposta sobre o que será feito a estes postos de carga rápida.

    A informação de que existem 49 postos de carregamento rápido surpreendeu mesmo a Sociedade Gestora da Rede de Mobilidade Eléctrica. Para António Vidigal, os postos deveriam estar colocados, mas como “existem cerca de 300 carros eléctricos não me parece que haja problema de fundo”. Alem disso, “a maioria dos veículos eléctricos que existem são de pessoas que têm garagens e que fazem os carregamentos em casa”.

    Manuel Reis, proprietário de um Nissan Leaf, refere que carregar um carro eléctrico é muito simples, “é como um telemóvel”. 95% das cargas que Manuel Reis faz é em casa, mesmo que a rede pública ainda seja gratuita.

    Mas este proprietário de um carro eléctrico, que vive na Trofa, sente falta dos postos de carga rápida. “São muito úteis para as viagens entre concelhos ou Porto-Lisboa e Lisboa-Algarve. Sem estes postos não é possível realizá-las e os carros ficam limitados ao meio citadino”, revela.

    Para carregar num posto público, o processo também é “muito simples”, segundo Manuel Reis. “Basta passar o cartão, introduzir o pin, dizer que quero carregar o veículo e já posso ligar o veículo”.

    ”Eu penso que o anterior governo incentivou mais a mobilidade eléctrica e este governo, um pouco a reboque da Troika e do memorando de entendimento, deixou a rede ficar no esquecimento, cancelou o incentivo de 5.000 euros e não tem feito a rede desenvolver-se a nível de postos de carga rápida”, argumenta Manuel Reis.

    Hélder Pedro, Secretário-geral da ACAP, refere que “em 2012 houve um retrocesso com a retirada dos incentivos aos veículos eléctricos e que, nesse aspecto, esperemos que haja um definição daquilo que se pretende ou se não se pretende nada na área da mobilidade eléctrica”.



    Por enquanto, o governo criou um grupo de trabalho para analisar o sector e, para já, vai estudar a relocalização dos postos de abastecimento.

    A Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico (APVE) acredita que o país deve focar-se noutras dimensões fundamentais para o projecto. Para Jorge Vasconcelos, Presidente da APVE, “o interesse que os construtores e os fornecedores podem ter é maior ou menor por apostarem em Portugal e por utilizar Portugal como uma base de ensaio para testar modelos de negócios e isso não depende da vontade deste ou de outro governo”.

    Entretanto, a EFACEC, empresa que fabricou os postos Mobi.E, já vendeu postos de carga rápidas pelo menos para 20 países, entre eles Irlanda, Dinamarca e Alemanha.

    A EFACEC recebeu financiamento público para construir os postos Mobi.E, mas garante que investiu mais do dobro por conta própria. Segundo Pedro Silva, esta experiência “permitiu encarar o mercado internacional”,

    A INTELI também está a apostar na mobilidade eléctrica. “Temos os projectos a emergir nas mais diversas geografias, com particular incidência no Brasil”, revela André Dias, director da unidade de Sistemas Inteligentes do CEIA.

    De acordo com António Vidigal, “o carro eléctrico é um caminho para sairmos da crise, porque só saímos da crise com os actuais bens transaccionáveis”, acrescentando que “em tecnologia há poucas coisas em que tenhamos tecnologias distintivas. Aqui, em poucos anos, já conseguimos ter alguma coisa distintiva”.

    Importa salientar que, durante a reportagem, foram mostrados alguns exemplos de falta de civismo por parte dos proprietários de carros de combustão que estacionam os seus veículos nos lugares para automóveis eléctricos.

    Retirado de http://e-move.tv/opiniao/%E2%80%9C15-mi ... 80%93-sera
    ICEMAN
     
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08 jun 2014, 21:55

  • Fez agora 1 ano que saiu esta notícia.
    Se calhar vou mandar um mail a pedir o que foi feito pela mobilidade, pois os veiculos continuam a ser vendidos e os cartoes a serem distribuidos..

    O que acham
    ICEMAN
     
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08 jun 2014, 22:28

  • Acho boa ideia :)
    MRider
     
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09 jun 2014, 12:14

  • ICEMAN Escreveu:Fez agora 1 ano que saiu esta notícia.
    Se calhar vou mandar um mail a pedir o que foi feito pela mobilidade, pois os veiculos continuam a ser vendidos e os cartoes a serem distribuidos..

    O que acham

    É preciso voltar ao assunto e esclarecer, sobretudo!
    Convém referir que todos os veículos matriculados (ou não) que podem circular na via pública e que utilizam electrões para se movimentarem, DEVEM estar na categoria de VE, e portanto, são potenciais utilizadores da rede de pontos de carga. ESQUEÇAM que só existe automóveis!
    Levantei a questão, http://www.novaenergia.net/forum/viewtopic.php?f=32&t=10060&sid=a95342b81ac5d6ea90ce1b2b9dd26ad5&start=2820 a meio dá página, e reclamando directamente ao provedor do jornal. Na resposta a jornalista "especialista", só quis saber de parte dos números, pois eram os números do governo. Ora ora! Continue-se a ler o tópico e estão lá os números dos matriculados...
    ................
    Aqui estão os números oficiais de todos os veículos eléctricos (BEV/PHEV/Híbridos não plug-in) matriculados em Portugal:

    Veículos Eléctricos a Baterias (BEV):

    Ciclomotores- 679
    Motociclos - 299
    Triciclos e Quadriciclos - 474
    Total - 1.452

    Ligeiros passageiros - 481
    Pesados passageiros - 22
    Ligeiros mercadorias - 55
    Pesados mercadorias - 0
    Total - 558

    TOTAL - 2.010


    Híbridos Plug-in (PHEV):

    Ciclomotores- 11
    Motociclos - 0
    Triciclos e Quadriciclos - 1
    Total - 12

    Ligeiros passageiros - 87
    Pesados passageiros - 0
    Ligeiros mercadorias - 0
    Pesados mercadorias - 0
    Total - 87

    TOTAL - 99


    Veículos Eléctricos BEV+PHEV:

    Ciclomotores- 690
    Motociclos - 299
    Triciclos e Quadriciclos - 475
    Total - 1.464

    Ligeiros passageiros - 568
    Pesados passageiros - 22
    Ligeiros mercadorias - 55
    Pesados mercadorias - 0
    Total - 645

    TOTAL - 2.109


    Híbridos não Plug-in:

    Ciclomotores- 29
    Motociclos - 2
    Triciclos e Quadriciclos - 0
    Total - 31

    Ligeiros passageiros - 11.475
    Pesados passageiros - 0
    Ligeiros mercadorias - 1
    Pesados mercadorias - 7
    Total - 11.483

    TOTAL - 11.514


    Total Veículos Híbridos:

    Ciclomotores- 40
    Motociclos - 2
    Triciclos e Quadriciclos - 1
    Total - 43

    Ligeiros passageiros - 11.562
    Pesados passageiros - 0
    Ligeiros mercadorias - 1
    Pesados mercadorias - 7
    Total - 11.570

    TOTAL - 11.613


    TOTAL GERAL -

    Ciclomotores- 719
    Motociclos - 301
    Triciclos e Quadriciclos - 475
    Total - 1.495

    Ligeiros passageiros - 12.043
    Pesados passageiros - 22
    Ligeiros mercadorias - 56
    Pesados mercadorias - 7
    Total - 12.128


    TOTAL - 13.623


    Temos portanto que carros 100% eléctricos (BEV) existem em Portugal 558.
    http://www.nissanleafpt.com/viewtopic.php?f=9&t=3852&p=23286#p23286
    ...........
    Creio que faltam as quase-scooters e bicicletas, que podem precisar (e deviam poder usar a rede). São perto de mais 10.000
    Insista-se o mais possível! ;)

    Batotinha

    Os números que vi, parecem ser de 2013. Já muitos se venderam depois disso.
    Batotinha
     
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09 jun 2014, 12:30

  • Eu troquei alguns mails com a apresentadora vou enviar esta informação é dizer que quando estiverem interessados podem os ajudar na matéria

    ________________________________
    ICEM4N - Predator 70Ah
    32.000km - 17/09/2011
    ICEMAN
     
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09 jun 2014, 13:23

  • Se for preciso algo da Madeira é só dizer :-)
    MRider
     
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09 jun 2014, 19:29

  • Um pormenor muito importante:
    Hibridos não plug-in não são Veículos Elétricos: 100% da sua energia provém de gasolina.
    Mesmo a recuperada na travagem foi inicialmente fornecida ao carro através de gasolina para o acelerar, depois armzenada em inécriia e depois recuperada na travagem.
    RJSC
     
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09 jun 2014, 21:39

  • RJSC Escreveu:Hibridos não plug-in não são Veículos Elétricos: 100% da sua energia provém de gasolina.

    Sim, mas esses são mesmo uma minoria, infima!
    A questão é que andam a tentar ignorar todos os que usam "combustivel" da rede eléctrica fazendo crer que o governo anda a fazer um frete aos "500" portugueses que tem VE. E escondem/ignoram os outros 15 000.
    Na realidade, os que estão aptos , (ou podem receber combustivel pela "mangueirinha"), é que deveriam justificar o facto de ser necessário que a rede Mobi-e exista, seja necessária, seja mantida (e melhorada), para que se crie o clima de confiança do consumidor. Para que seja um facto indiscutivel. Se tivermos confiança vamos e carregamos lá. Mas sem isso provavelmente nem saímos.
    Para a maioria dos cidadãos, VE é coisa doutro mundo! Isso é que é mau.

    Batotinha
    Batotinha
     
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