Pneus com papos

Para quem dá valor ao conhecimento técnico e fundamentado sobre a mobilidade elétrica
01 set 2015, 21:10

  • Tenho observado o aparecimento ao longo de alguns milhares de quilómetros de papos regulares diseminados pela banda de rodagem do pneu em scooters eléctricas (e CI) independentemente da marca, idade e qualidade do pneu. O efeito aparece fundamentalmente na roda da frente e provoca um aumento do ruído e vibração durante o rolamento do pneu. Não confundir este efeito com o aparecimento de papos nos flancos dos pneus.

    A determinação das causas do problema não é consensual. No entanto na minha opinião o problema está relacionado com a circulação em estradas irregulares (infelizmente comuns) combinadas com suspensões de taragem demasiado duras e uso de pressão incorrecta nos pneus (demasiado baixa).

    Quanto às estradas pouco podemos fazer.

    As suspensões à frente beneficiam bastante quando se muda o óleo para um 10W de qualidade e se afere a mesma quantidade nas duas bainhas (100 a 110ml em cada dependendo dos modelos). É uma operação que não fica cara e dá bons resultados. O mais caro é mesmo o tempo necessário para desmontar e montar todos os plásticos envolvidos na operação.

    A pressão dos pneus assume aqui um papel preponderante. O uso de uma pressão mais elevada aparentemente evita ou retarda o aparecimento destes papos indesejados.

    A pressão mais elevada nos pneus pode tornar a viagem mais desconfortável em mau piso mas melhora o handling (maneabilidade) e a estabilidade, estende a autonomia e aumenta a velocidade máxima porque diminui o atrito de rolamento e geralmente prolonga a vida do pneu.

    Não confundir o uso de uma pressão mais elevada com o sobre enchimento que deve ser evitado.

    As scooters eléctricas devido ao peso do pack de baterias têm muitas vezes necessidades muito específicas no capítulo da pressão dos pneus. Os valores óptimos variam muito com o peso de condutor, passageiro e carga transportada (e onde é colocada).

    O pneu da frente pode usar uma pressão 2 a 3 décimos de bar abaixo da pressão usada para o pneu traseiro.

    O que surte melhor resultado é efectivamente usar várias pressões e testar o comportamento da scooter.

    Primeiro de tudo é importante verificar no flanco do pneu a inscrição com a pressão máxima utilizável. Já aconteceu no entanto o valor correspondente ao melhor comportamento estar ligeiramente acima da pressão máxima inscrita que peca muitas vezes por ser demasiado conservadora e não ter em consideração o peso de alguns modelos eléctricos.

    A pressão do pneu traseiro pode ser aumentada até se verificar que o pneu traseiro começa a bloquear em travagem agressiva. Baixar depois para um valor mais baixo.

    A pressão do pneu dianteiro pode ser aumentada até que se sinta a frente a começar a saltitar em curva agressiva de piso irregular. Baixar depois também para um valor mais baixo.
    MVS
     
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02 set 2015, 11:02

  • Eis uma clarificação sobre algo que pode provocar confusão.

    A pressão que vem inscrita no flanco da maior parte dos pneus de scooter é a pressão usada (geralmente 35 psi = 2,4 bar) para definir a carga máxima do pneu em N ou Kgf. Não é esta no entanto a pressão máxima a que o pneu pode ser inflado que costuma ser igual ou até superior a 45 psi = 3.1 bar.

    Como exemplo motas eléctricas pesadas com 60Kg de baterias chegam a usar 2,5 bar (36 psi) no pneu da frente e 3,1 bar (45 psi) no pneu traseiro.

    A absorção das iregularidades do piso deve ser efectuada pela suspensão da scooter e não às custas da deformação localizada do pneu.
    MVS
     
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02 set 2015, 14:44

  • MVS Escreveu:Eis uma clarificação sobre algo que pode provocar confusão.

    A pressão que vem inscrita no flanco da maior parte dos pneus de scooter é a pressão usada (geralmente 35 psi = 2,4 bar) para definir a carga máxima do pneu em N ou Kgf. Não é esta no entanto a pressão máxima a que o pneu pode ser inflado que costuma ser igual ou até superior a 45 psi = 3.1 bar.

    Como exemplo motas eléctricas pesadas com 60Kg de baterias chegam a usar 2,5 bar (36 psi) no pneu da frente e 3,1 bar (45 psi) no pneu traseiro.

    A absorção das iregularidades do piso deve ser efectuada pela suspensão da scooter e não às custas da deformação localizada do pneu.


    Realmente notei isso quando hoje me pus a olhar para os penus da minha vortex RS. Encontro apenas a pressão usada para definir a carga máxima, mas nada acerca da pressão máxima. No manual com que veio a mota dizia apenas pressão dos pneus 3.1 bar.
    No manual da mais recente Vortex SRS, já diz pressão de ar 2.4/3.1 bar, que presumo que sejam os limites mínimos e máximos recomendados.
    rnlcarlov
     
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02 set 2015, 17:04

  • Quanto mais estreito é o pneu maior terá de ser a pressão usada para uma mesma carga.

    Nos pneus (Ex: 700x25C) das bicicletas de estrada fácilmente se usam pressões superiores a 100 psi = 6,9 bar para ciclistas pesados.
    MVS
     
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24 set 2015, 00:04

  • Uma grande parte das vezes, a escolha do pneu influencia muito, esse aparecimento, ou inexistência de papos nos pneus.

    Com quase 5KWh de capacidade de baterias de LiFePO4, o peso de uma máxi-scooter rondará os 200Kg. Com condutor e pendura, facilmente se ultrapassa os 350Kg.

    Por norma a roda de trás suporta 55%, e a da frente os restantes 45% do peso total ou peso bruto.

    55% de 350Kg = 192,5Kg
    45% de 350Kg = 157.5Kg

    Na escolha do índice de carga do pneu, devemos ser generosos, escolhendo um valor que dificilmente seja ultrapassado.

    Eu para o exemplo de cima coloco normalmente índice de carga 63 (para pesos iguais ou inferiores a 275Kg), para o pneu de trás.
    No pneu da frente coloco o 53 (para pesos iguais ou inferiores a 206Kg).

    Se a mota é mais leve, posso diminuir para 60 a trás e 51 para a frente.

    Tenho tido muito bons resultados, tanto em durabilidade, como em resistência física e ausência de papos. Se o pneu está bem dimensionado, também quando há um furo de vazamento rápido, o pneu consegue suportar o peso da mota e com condutor e pendura por uns bons metros, suficiente para uma paragem de emergência, e sem grande perda de controle da mota.

    Também tento aplicar sempre pneus de boa marca, onde normalmente também oferecem uma maior segurança, conforto, durabilidade.
    Os michelin têm sido a minha preferência em qualidade, e se quiser uma opção mais em conta, tenho aplicado os continental, sem abdicar de boa construção de pneus.

    Devo já ter substituído algumas boas dezenas de pneus de mota, se é que isso pode ser levado em consideração :mrgreen: :mrgreen:
    Jorge Rocha
     
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