RJSC Escreveu:Aproveito também para perguntar se alguém tem alguma experiência com circuitos dessulfatadores por impulsos de corrente elevada na extensão do tempo de vida das baterias de chumbo.
Os circuitos dessulfatadores por impulsos não funcionam correctamente e não prolongam preventivamente a vida das baterias SLA.
A bateria SLA sofre um processo de sulfatação (criação de cristais duros de sulfato de chumbo inerte na superfície das placas de chumbo isolando-as) apenas no caso da bateria ter passado um tempo considerável (varia conforme o tipo de construção e electrólito usado) na situação de descarregada (ainda que parcialmente). Não me parece que esta situação ocorra com frequência no caso da tua UPS RJSC.
A reversão desta situação pode ser mais ou menos complicada ou até mesmo impossível em certas situações. A solução passa sempre por forçar carga lentamente e depois descarregar. A repetição de ciclos de carga e descarga faz expandir e contrair as placas de chumbo e destaca os cristais de sulfato de chumbo que caem no fundo do reservatório do elemento no caso das baterias "flooded" ou simplesmente abre fissuras no caso das baterias de Gel (por ser espesso) permitindo algum acesso químico ás placas de chumbo. Este processo pode chegar a levar semanas e não compensa ser efectuado para uma bateria de 60 Eur mas pode compensar para uma de 250 Eur. Como o sistema funciona por expansão e contracção das placas um dessulfatador por impulsos não tem qualquer vantagem. Impulsos rápidos de corrente não provocam a expansão das placas devido ao seu tamanho e capacidade de dissipação. O dessulfatador por impulsos vai funcionar na medida da sua média de corrente no tempo e pode até causar danos nas VRLA de Gel devido á formação de bolhas. Os ciclos normais de carga e descarga da bateria já realizam uma acção preventiva neste aspecto. Na tua UPS RJSC podes realizar ciclos de 50% DOD periódicos de teste todos os meses. O ideal é não ter de lidar com estes processos porque significa que alguém já fez asneira da grossa anteriormente.
A causa da degradação sistemática das baterias da tua UPS deverá estar no circuito mal concebido de manutenção de carga. Se o que lá está é apenas um carregador CC/CV para 13,5V como é habitual, esta solução a longo prazo mata a bateria por corrosão das placas internas. Na situação de completamente carregada se o carregador continua conectado e a injectar sempre umas dezenas de mA através da bateria para manter a tensão elevada está encontrado o teu problema. O controlo da voltagem de float é muito sensível para a duração da bateria. Alternativamente o sistema deveria desligar na situação de carga completa ter histerese e voltar a ligar a carga apenas quando necessário. A tensão de carga deverá variar com a temperatura (também não acredito que isto esteja a ser bem feito). A temperatura dentro de uma UPS é geralmente mais elevada do que a temperatura ambiente, isto favorece fenómenos de evaporação do electrólito a que nem as baterias VRLA estão imunes. Eu optaria por liga-las numa caixa mais fresca exterior.
As baterias SLA são responsáveis por algum destes assuntos? Claro que não. Isto não são segredos, tudo está documentado. A maior parte das vezes estamos perante má engenharia de produto porque fazer bem muitas vezes requer maiores custos de produção.
Tenho a certeza que consegues verificar isto. Podes descarregar uns 10% da capacidade e fazer um gráfico (tensão e corrente na bateria vs tempo, afere também a temperatura) de 24Hr com o que UPS faz com a bateria a seguir. Atenção com o que consideras 10% de capacidade face á corrente de descarga, consulta as datasheets de baterias equivalentes. Claro que isto é uma trabalheira e fundamentalmente teria apenas interesse didático. "Been there done that". Se alguma vez o fizeres podes enviar-me os dados por email que terei todo o prazer em enviar-te os meus comentários.
Atenção porque a fase final da carga das baterias de chumbo é muito lenta e demora quase tanto como a "bulk charge". Isto é inteiramente normal.